segunda-feira, 18 de maio de 2009

Open Educational Resources II - agora correcto... espero

Dentro da página da disciplina de Introduction to Transportation Systems, resolvi escolher como OER passível de ser utilizado consiste numa das lecture notes. Em particular uma lecture note relacionada com a modelação da procura de transportes.
As razões da escolha desta lecture note são as seguintes:
  • Em primeiro lugar este conjunto de slides resume de uma maneira muito abrangente os vários conceitos base por detrás da modelação da procura de transportes;
  • Apresenta um conjunto de elementos gráficos elucidativos;
  • Fornece alguns elementos que podem ser utilizados como suporte para a elaboração de exemplos de aplicação deste tipo de modelos.

Por outro lado, e esta é uma razão mais de fundo, os modelos de escolha discreta (que são um dos principais objectos desta lecture note) são um dos (se não o) modelos matemáticos mais importantes na modelação da procura de transportes hoje em dia. Por isso é fundamental que os alunos dominem bem esta matéria. Esta é também matéria em que na maior parte das vezes é leccionada recorrendo quase apenas á formulação e dedução matemática destes modelos, o que sendo muito importante, acaba por desmotivar os alunos que se perdem facilmente. Por isso uma apresentação que consiga indicar de uma forma clara evidenciar os pressupostos teóricos que estão por detrás destes modelos seria muito importante. Este presumo ser o aspecto mais importante para a escolha deste OER.

A utilização

Esta lecture note é muito feita no "modelo americano", ou seja funciona como um guideline para uma exposição oral e discussão e não tanto segundo o nosso modelo em que os slides funcionam como a explicação da matéria. Então a sua utilização deveria ser feita em dois modos:

  • Funcionar como um apoio/inspiração para alterações e melhorias nos slides actuais da disciplina de Transportes;
  • Ser disponibilizado como elemento de estudo acessório sendo que neste caso necessitaria de algum trabalho em cima, eventualmente adicionando comentários (uma vez que os originais são muito sintéticos) e links a outros documentos (capítulos de livros, artigos, entradas na wikipedia, por exemplo) que ajudariam a uma maior compreensão dos mesmos.

Ou seja, quer me parecer que a utilização dos OER nesta área e, em particular face aos exemplos existentes, implicará sempre um trabalho posterior sobre os mesmos e não simplesmente a indicação de um link para os mesmos. Eventualmente o resultado sendo também um OER que possa mais tarde vir a ser utilizado por outros. Penso que é esse o espírito.

domingo, 10 de maio de 2009

OER - Parte II - Exemplo de aplicação

Para este caso escolhi dentro do portal de OER do MIT a disciplina de Introduction to Transportation Systems. Esta disciplina é já para estudantes de pós-graduação (Mestrado em tansportation Science).
As razões da sua escolha subordinaram-se em grande medida ao facto do tema estar relacionado com a minha área de especialização e com os temas que lecciono. Na minha busca no dg communities em temas relacionados com esta área só consegui chegar ao portal do MIT. Outras no iberry acabaram por conduzir aos mesmos locais.
A página possui informação sobre a estrutura da disciplina, o seu calendário, as leituras recomendadas (com links para os artigos ou livros que não estão abrangidos por direitos de autor), os slides das aulas, os trabalhos (enunciados), os enunciados dos exames e respectivas soluções. Ainda possui imagens relativas á disciplina alojadas no Flickr.
A estrutura do curso encontra-se, na minha opinião bem feita. No entanto, é um erro pensar que com a leitura dos slides se vai aprender o mais importante da disciplina. Estes são feitos numa perspectiva americana. Ou seja servem apenas para companhar uma apresentação é não como são os slides á portuguesa que têm escarraphada a explicvação da matéria.
Parece-me que a adaptação de um sistema destes ao caso concreto de Portugal e do tipo de disciplinas que lecciono poderia ser feito, se bem que com um investimento muito grande e parece-me que com outros complementos, como sejam:
  • Páginas tipo pbwiki para apresentar vários tópicos da matéria, possibilitando a existência de comentários de alunos e de outros docentes convidados que permitissem ir melhorando os temas apresentados. Ou seja um textbook continuamente on the making com possibilidades de ligações directas a outras fontes de informação para aqueles que estão mais interessados em aprofundar o seu estudo.
  • Criação de fóruns de discussão para esclarecimento de dúvidas aos alunos, o que faz com que todos tenham acesso ás mesmas respostas e eventualmente, numa perspectiva mais vountarista que eles se possam entreajudar podendo comentar dúvidas uns dos outros e até responder. Esta última ideia é um long shot mas penso que a ser conseguida poderia ser muito positiva

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Open educational resources - enquadramento Parte I

Pelo que consegui analisar até ao momento a ideia por detrás deste tipo de recursos e ferramentas vem muito na esteira dqauilo a que se chama web 2.0 - ou seja grande ênfase na partilha e produção em colaboração de informação e de recursos, da qual o exemplo mais emblemático é a wikipedia. No entanto, a web 2.0 e muito provavelmente a wikipedia têm sido sujeitas a uma série de críticas:
Basicamente, segundo Andrew Keen (The Cult of the Amateur) Num mundo onde vários amadores colaboram na publicação de conteúdos há um grande risco de perda de informação por excesso de informação irrelevante. De uma maneira bombástica compara a Web 2.0 com o Marxismo (obviamente com uma conotação negativa).
Outras críticas há, nomeadamente a nível doméstico por parte de Pacheco Pereira, com principal enfãse sobre a wikipedia. Famoso também é o estudo da Nature (não consegui o link do estudo por isso aqui vai uma proxy) que compara a Wikipedia com a Britannica. Outras críticas á Web 2.0 estão relacionadas com relação entre autoridade (na definição do que está correcto ou o que é a norma) versus um sistema mais democratizado em que o "correcto" é definido de uma forma colaborativa entre todos.
Parece-me também que existem grandes afinidades em termos conceptuais com as lógicas que estão presentes na web 2.0, ou seja de que a colaboração de uma infinidade de colaboradores trabalhando de uma forma descentralizada conseguirão potencialmente melhores resultados do que o trabalho centralizado de um conjunto de especialistas trabalhando de forma compartimentada sob a orientação de um conjunto restrito de "arquitectos do sistema". Estas duas lógicas podem ser definidas pelas metáforas da catedral (para o software construído de forma centralizada) e o bazar (para o open source). Aliás estas metáforas são o título de um livro que Eric Raymond escreveu sobre o assunto.
Estes aspectos relacionados com o enquadramento do contexto em que os Open Educational Resources aparecem, parecem -me particularmente relevantes uma vez que existem motivações por detrás destes que estão relacionados com as lógicas e conceitos da Web 2.0. Ou seja, uma contribuição aberta e livre de uma série de actores atomizados poderá conduzir a resultados que potencialmente serão maiores que a soma das partes. Isto numa sociedade dita do conhecimento em que a aprendizagem e a criação de mais conhecimento estão no centro das alterações sociais e e económicas.
Por outro lado verificam-se grandes alterações nos papeis tradicionais ligados á educação e transmissão de informação. Em primeiro lugar, a informação encontra-se hoje em dia muito mais fragmentada e os papeis tradicionains de mestre, aluno, especialista e mediador encontram-se muito mais baralhados. A somar a tudo isto a quantidade de informação disponível a um click do rato é tão vasta que corre-se o risco de se poder tornar irrelevante pelo seu excesso, deixando de poder ser assimilada e processada em tempo útil.
Estes factos fazem com que a capacidade de processar, seleccionar e discernir sobre informação fragmentada proveniente de fontes variadas e por vezes antagónicas é uma competência extremamente útil. E mais uma vez a validação da informação recolhida é um aspecto relevante. A este propósito, e ainda antes dos fenómenos da wikipedia, o Umberto Eco referindo-se aos motores de busca, apontava para um dos problemas da internet que era o facto destes serem incapazes de fazer a triagem entre o que era informação relevante e lixo. O exemplo que ele apontava era, salvo erro, uma pesquisa sobre templários em que apareceriam links "sérios" sobre a história dos templários, links sobre astrologia, teorias da conspiração, etc. O problema que aqui se punha era a necessidade de competências para se poder fazer a triagem (experimentem fazer uma busca).
Ou seja, existe uma necessidade premente de que a formação venha a ter uma componente importante sobre a orientação neste universo de informação fragmentada. Por outro lado, cria-se aqui uma potencial inversão de papeis em que os alunos, poderão muitas vezes dominar muito mais facilmente os aspectos tecnológicos do que os professores, mercê de uma maior familiaridade com as tecnologias de informação.

Um outro aspecto que está relacionado com a discussão acerca da web 2.0 e das suas virtualidades (e tem também muita relevância para os Open Educational Resources) está relacionada com o papel que a tecnologia poderá ter na transformação social. Ou seja a tecnologia é ou não neutral. Parece-me que no presente caso a opção por sistemas abertos, seja na disponibilização de recursos, ou na utilização de open software implica uma uma visão não neutral da tecnologia, mas sim de que esta estará ao serviço de uma ideia de escola e, consequentemente, de sociedade.