segunda-feira, 4 de maio de 2009

Open educational resources - enquadramento Parte I

Pelo que consegui analisar até ao momento a ideia por detrás deste tipo de recursos e ferramentas vem muito na esteira dqauilo a que se chama web 2.0 - ou seja grande ênfase na partilha e produção em colaboração de informação e de recursos, da qual o exemplo mais emblemático é a wikipedia. No entanto, a web 2.0 e muito provavelmente a wikipedia têm sido sujeitas a uma série de críticas:
Basicamente, segundo Andrew Keen (The Cult of the Amateur) Num mundo onde vários amadores colaboram na publicação de conteúdos há um grande risco de perda de informação por excesso de informação irrelevante. De uma maneira bombástica compara a Web 2.0 com o Marxismo (obviamente com uma conotação negativa).
Outras críticas há, nomeadamente a nível doméstico por parte de Pacheco Pereira, com principal enfãse sobre a wikipedia. Famoso também é o estudo da Nature (não consegui o link do estudo por isso aqui vai uma proxy) que compara a Wikipedia com a Britannica. Outras críticas á Web 2.0 estão relacionadas com relação entre autoridade (na definição do que está correcto ou o que é a norma) versus um sistema mais democratizado em que o "correcto" é definido de uma forma colaborativa entre todos.
Parece-me também que existem grandes afinidades em termos conceptuais com as lógicas que estão presentes na web 2.0, ou seja de que a colaboração de uma infinidade de colaboradores trabalhando de uma forma descentralizada conseguirão potencialmente melhores resultados do que o trabalho centralizado de um conjunto de especialistas trabalhando de forma compartimentada sob a orientação de um conjunto restrito de "arquitectos do sistema". Estas duas lógicas podem ser definidas pelas metáforas da catedral (para o software construído de forma centralizada) e o bazar (para o open source). Aliás estas metáforas são o título de um livro que Eric Raymond escreveu sobre o assunto.
Estes aspectos relacionados com o enquadramento do contexto em que os Open Educational Resources aparecem, parecem -me particularmente relevantes uma vez que existem motivações por detrás destes que estão relacionados com as lógicas e conceitos da Web 2.0. Ou seja, uma contribuição aberta e livre de uma série de actores atomizados poderá conduzir a resultados que potencialmente serão maiores que a soma das partes. Isto numa sociedade dita do conhecimento em que a aprendizagem e a criação de mais conhecimento estão no centro das alterações sociais e e económicas.
Por outro lado verificam-se grandes alterações nos papeis tradicionais ligados á educação e transmissão de informação. Em primeiro lugar, a informação encontra-se hoje em dia muito mais fragmentada e os papeis tradicionains de mestre, aluno, especialista e mediador encontram-se muito mais baralhados. A somar a tudo isto a quantidade de informação disponível a um click do rato é tão vasta que corre-se o risco de se poder tornar irrelevante pelo seu excesso, deixando de poder ser assimilada e processada em tempo útil.
Estes factos fazem com que a capacidade de processar, seleccionar e discernir sobre informação fragmentada proveniente de fontes variadas e por vezes antagónicas é uma competência extremamente útil. E mais uma vez a validação da informação recolhida é um aspecto relevante. A este propósito, e ainda antes dos fenómenos da wikipedia, o Umberto Eco referindo-se aos motores de busca, apontava para um dos problemas da internet que era o facto destes serem incapazes de fazer a triagem entre o que era informação relevante e lixo. O exemplo que ele apontava era, salvo erro, uma pesquisa sobre templários em que apareceriam links "sérios" sobre a história dos templários, links sobre astrologia, teorias da conspiração, etc. O problema que aqui se punha era a necessidade de competências para se poder fazer a triagem (experimentem fazer uma busca).
Ou seja, existe uma necessidade premente de que a formação venha a ter uma componente importante sobre a orientação neste universo de informação fragmentada. Por outro lado, cria-se aqui uma potencial inversão de papeis em que os alunos, poderão muitas vezes dominar muito mais facilmente os aspectos tecnológicos do que os professores, mercê de uma maior familiaridade com as tecnologias de informação.

Um outro aspecto que está relacionado com a discussão acerca da web 2.0 e das suas virtualidades (e tem também muita relevância para os Open Educational Resources) está relacionada com o papel que a tecnologia poderá ter na transformação social. Ou seja a tecnologia é ou não neutral. Parece-me que no presente caso a opção por sistemas abertos, seja na disponibilização de recursos, ou na utilização de open software implica uma uma visão não neutral da tecnologia, mas sim de que esta estará ao serviço de uma ideia de escola e, consequentemente, de sociedade.

Sem comentários:

Enviar um comentário